Tem dia que a gente acorda saudade. E tudo o que o dia pede é uma varanda com vista pro sol e uma cadeira de balanço. Revirar os guardados e desfiar memórias que trazem riso.
Nos
dias em que se acorda saudade, tudo a nossa volta faz lembrar alguém,
o café da tarde, o fogão a lenha, nós crianças, caçando vagalumes - um
amontoado de histórias bonitas. E um mundo que não tinha complicação. No
meu ontem o mundo era bonito e sem dor.
Os
medos eram sempre remediáveis. E tudo se curava com colo de
mãe. Com beijo de vó, banho quentinho, chá e biscoito. Tudo terminava em
riso, ou pelo menos, num abraço bom.
O tempo
era longo e pressa só existia no dicionário. As tardes eram gastas
pulando amarelinha, brincando de boneca e jogando bola na rua. As noites
só chegavam depois de muito brincar. Depois era só cair num sono duro,
mas sem bicho-papão.
Tem dia que a gente acorda
poesia. E tudo o que o dia pede é um mundo colorido, sem embaraços e só
quem tem os olhos encharcados de poesia pode ver. Só quem tem olhos de
sol é que bate o olho na pedra e vê uma garça. Vê o azul rasgar
horizontes. Vê sapo chamando chuva e passarinho trocando asas.
Nos dias em que se acorda
poesia, tudo a nossa volta é casa do amor. Tudo tem Deus morando dentro.
E nesses dias a gente espera ficar pra sempre.
Cris Carvalho
Lindo este texto!
Eu Oh!
Sem comentários:
Enviar um comentário