2.10.13

Filha Minha...





Hoje não estou nos meus dias!!

A S completou o curso de enfermagem, graças a Deus nunca me deu uma dor de cabeça, e mesmo sendo uma miúda habituada a todo o conforto e mordomia por ser filha única, depressa se habituou a viver sozinha e a 200 km de casa.

As coisas não foram fáceis, no 1º ano que foi par fora, a avó com quem ela tinha uma enorme ligação, deixou-nos e sem despedidas vitima de um AVC, o pai ficou desempregado, e as meninas com quem ela foi viver os primeiros meses também não lhe tornaram a vida fácil.

Mas a S foi uma lutadora, e fixou-se no que estava a fazer, e embora sofrendo bastante por tudo o que lhe estava acontecer, e sabendo que a vida não estava fácil cá em casa, ela conseguiu fazer os 4 anos de licenciatura com a Graça de Deus, dispensando a todos os exames, fazendo estágios magníficos, e criando laços de amizade com um grupo de 5 meninas e meninos lindíssimos!

Acabou o curso em Julho, fizeram uma festa lindíssima de despedida, e todos nós que a acompanhamos nesse dia, estávamos orgulhosíssimos dela.

Quando chegou a casa definitivamente,  com a ajuda do namorado que é um barra a Inglês, começou a fazer o Curriculum Vitae e a enviar para várias firma que recrutam enfermeiros portugueses para Inglaterra, logo lhe telefonaram mas a primeira entrevista pelo telefone não correu muito bem, aconselharam-na a tirar um curso de inglês, ou a praticar mais a conversação, foi apanhada completamente de surpresa, e se calhar por isso não correu como ela desejaria.

Ela seguiu o conselho da firma entrevistadora, e começou a estudar pela Internet num site em que praticava a conversação e a pronuncia, andava todo o dia agarrada ao portátil, confesso que eu e o pai já estávamos cansados de a ouvir, em todas as divisões da casa, a falar para o pc e a ouvir-se a ela própria para aperfeiçoar a pronuncia.

Entretanto eu também pela Grupom consegui comprar a carta de condução por metade do valor a que elas actualmente estão, e ela começou a tirar a carta de condução, ia todos os dias às aulas de código, fazia mais que uma hora, fez exame mal acabaram as aulas obrigatórias, e passou, começou com as aulas de código assiduamente e fez rapidamente o exame de condução. Num mês a minha filha conseguiu tirar a carta, aperfeiçoar o Inglês sem eu ter que gastar dinheiro num curso.

Ainda no mês de Agosto e enquanto aperfeiçoava a língua inglesa, voltou a  enviar o CV para a mesma firma e para outras, e não tardaram em contacta-la, como correu bem esse contacto, logo a convocaram para uma entrevista, onde iria fazer alguns testes, no dia marcado a S  deve ter chegado com uma hora de antecedência, não dormiu e cumpriu o seu objectivo, correu muito bem, e ficaram de entrar em contacto com ela posteriormente, nesse dia ela vinha eufórica, lembro de eu lhe dizer que devia parar um pouquinho, fazer uma praia, sair, porque desde que acabou o curso ainda não tinha descansado um minuto, mas isso não foi argumento para ela parar, só me dizia, “mãe eu ate ao fim do ano vou arranjar emprego”. E embora eu argumentasse que devia procurar primeiro aqui em Portugal, e que agora o pai já estava empregado, e por isso poderíamos ajuda-la, não foi o suficiente.

Através de amigos que também estão na Inglaterra ela foi sabendo a nível de papelada o que era preciso, e foi tratando de tudo, mesmo não sabendo se arranjaria ou não emprego ainda este ano.

Chamaram-na para a 2ª entrevista, foi num Hotel da Batalha e com pessoal do próprio hospital que vinha recrutar enfermeiras ao nosso país. Nesse dia ela também foi muito cedo, e eu como estava de férias fui mais tarde para perto da porta do Hotel espera-la, sabia que ela ia ficar tristíssima se não conseguisse esse emprego, tinha-se esforçado imenso, e eu estava com medo da reacção dela ao ouvir um não.

O tempo passava e eu ali a porta ansiosa, inquieta, e sempre a pensar como ela estaria, o que se estaria  a passar, “meu Deus faz com isto passe rápido”, pensava eu, até que a vejo a sair do Hotel logo de telemóvel na mão, estava a tentar ligar-me, nem me via, corri até ela e ela agarrou-se a mim e disse “Mãe consegui” e chorávamos as duas “baba e ranho”, quando acalmou ligou ao pai, aos tios e ao primo, continuava a chorar de felicidade, a minha filha venceu mais esta etapa, pensava eu!

Nesse dia aproveitei e fomos as duas passear, um dia só para nós, foi bom demais.

Continuou a arranjar a papelada, inscreveu-se na ordem dos enfermeiros, tirou passaporte, mandou fazer traduções de cartas de recomendação de um professor da Guarda e da enfermeira chefe do serviço em que esteve a estagiar no HGSA, documentos também passados pelo Centro de Saúde da área da residência, e uma serie de coisas que teve que tratar. Enfim já estamos em quase 200 euros de papelada.

Este mês foi a uma cerimónia de vinculação à profissão organizada pela Ordem dos Enfermeiros, onde fizeram um juramento, e  recebeu a cédula profissional. Hojé é Enfermeira.

E sem férias, e dedicada a este objectivo a S esperava pelo email do hospital com datas de partida para Inglaterra. Esse email chegou ontem e a S se Deus quiser vai no dia 31/10, marcamos a passagem aérea para a data e hora por eles marcado e aqui vai começar uma nova etapa na vida da minha filha.

Se estou triste? Estou!
Se quero que tudo corra bem com ela e com os seu objectivos? Quero!
Mas ela ainda não foi e eu já sinto um vazio tão grande! :(

Eu Oh!

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