Já não venho há muito tempo ao meu blogue mas hoje sinto necessidade de escrever o que se passou comigo.
Conheci a A. há 7 anos, nas minhas viagens de autocarro para o emprego, é normal começarmos a falar quando nos começamos a ver todos os dias e à mesma hora, conversávamos do trabalho, dos filhos e da vida, é praticamente minha vizinha, tem uma filha da idade da minha, que também emigrou, tínhamos sempre tema para conversa, mas não passava daí a nossa amizade.
Mudou de local de trabalho novos horários, e deixamos de nos ver com tanta frequência, e na última vez que a vi tivemos uma longa conversa sobre as nossas filhas, e senti-a muito em baixo, porque não aceita ao fim de 2 anos, a filha ter ido trabalhar para outro país.
Hoje eram 10:30 recebi uma chamada, quando vi o nome assustei-me um pouco porque só tinha trocado o numero de telefone com a A., mas nunca tínhamos falado ao telefone.
Atendi e do outro lado senti uma voz arrastada, doente pensei, chorava e dizia que estava sem forças, não tinha ido trabalhar e nem queria sair, eu fiquei sem saber o que fazer, ou o que dizer, mas depois perguntei se queria que fosse lá a casa levar uma sopa ou conversar, ela continuava a queixar-se, mas eu precisava tratar do meu pai e fiquei de lhe ligar passado una hora e ela deu-me o nº da porta e o andar, e fui la levar uma sopa, depois de dar o almoço ao meu pai.
Quando cheguei a casa da A ela estava de pijama e com uma cara cansada, e de olhos semi-serrados, estava mal, e depois na conversa vim a saber que estava a tratar-se de uma depressão, e precisava falar, ia comendo a sopa e contando o que a afligia, e realmente fiquei abismada com o que me contava.
Conforme recorreu a mim para falar, recorreu a alguém sem escrúpulos que a convenceu de que o que tinha não era depressão, eram espíritos entranhados nela, como estava fraca, aceitou ajuda, e isso custou-lhe 2 800 euros.
Resumindo ela estava mal e ficou péssima.
Recorreu a uma instituição de solidariedade, onde fazem reuniões com pessoas que se encontram com os mesmos problemas, mas deixou de ir a essas reuniões, por isso sente-se muito sozinha.
Arrumei-lhe a cozinha, fiz-lhe arrozinho para noite e para ela levar para o emprego se se sentir mais animada, convenci-a a sair e a ir trabalhar, porque nem com baixa está, fomos tomar um café e dar uma voltinha pelo parque, e as 16:00 tinha que a deixar e ela prometeu-me ir a uma dessas reuniões ao fim da tarde.
Mas confesso que vim para casa com medo de a deixar sozinha,
Ás 20:00 ligou-me com uma voz mais animada, estava a sair da reunião, a agradeceu a minha disponibilidade.
Eu sei que foi muito pouco o que dei, e sei que não resolvi de todo os problemas da A., mas sei o que eu acho muito importante na Vida, ter AMIGOS!
Eu oh! ((*_*))